“Quero ser lembrado como
o sanfoneiro que amou e cantou muito seu povo, o sertão; que cantou as aves, os
animais, os padres, os cangaceiros, os retirantes, os valentes, os covardes, o
amor. Este sanfoneiro viveu feliz por ver o seu nome reconhecido por outros
poetas, Quero ser lembrado como o sanfoneiro que cantou muito o seu povo, que
foi honesto, que criou filhos, que amou a vida, deixando um exemplo de
trabalho, de paz e amor". Luiz Luz Gonzaga " Gonzagão"
Biografia de Luiz Gonzaga(1912-1989)!
Luiz Gonzaga, o Rei do Baião (1912 – 1989)
Luiz
Gonzaga do Nascimento nasceu no dia 13 de dezembro de
1912, na Fazenda Caiçara, povoado do Araripe à 12km de Exu, filho de Januário
José dos Santos e Ana Batista de Jesus (Mãe Santana). Foi batizado na matriz de Exu no dia 05 de janeiro de 1913, cuja
celebração batismal, foi realizada pelo Pe. José Fernandes de Medeiros. Desde
sua infância o pequeno Gonzaga namorava o fole de oito baixos, instrumento
este, executado por “Pai Januário” no qual começou seus primeiros acordes.
“Luiz de Januário” como era conhecido na infância, aos 8 anos de idade
substitui um sanfoneiro que falhou no trato em festa tradicional no terreiro de
Miguelzinho na Fazenda Caiçara, no Araripe, Exu, a pedido de amigos do pai.
Naquela noite o pequeno Lula deleitava-se tocando e cantando a noite inteira, e
pensava na possibilidade de Dona Santana deixar ele tocar mais vezes. Luiz
Gonzaga tocava feliz porque era a primeira noite que tocava com a permissão de “Mãe
Santana”. Naquela noite ele recebeu pela primeira vez o cachê de 20$000 rés.
Luiz Gonzaga recorda as palavras de Dona Santana que pareciam ter uma esperança
de tocar com sua permissão: “Luiz! Isso é gente pra tocar em dança?
(…) E se o sono der nele pru lá?” Luiz Gonzaga ia
crescendo, com sua simpatia e esperteza conseguiu agradar Sinhô Aires, passando
a ser o garoto de confiança do Cel. Sua primeira sanfona era de marca “veado”
comprada na loja de Seu Adolfo em Ouricori, Pernambuco, com a fiança do Cel.
Manuel Aires de Alencar, o Sinhô Aires, custando 120$000 rés.
(Em 1915 nasce no Iguatu, Ceará, Humberto Cavalcanti Teixeira que mais tarde se
tornaria parceiro de Luiz Gonzaga.
Em fevereiro de 1921 nasce em Carnaúba, distrito de Pajeú das Flores, José de
Sousa Dantas Filho que posteriormente se torna parceiro de Luiz Gonzaga.
Em 1926 nasce em Gravatá, Pernambuco, Helena das Neves Cavalcanti, futura
esposa de Luiz Gonzaga.)
O futuro de Gonzaga estava realmente na sanfona, profissão posteriormente
executada em todo Brasil, graças as observações aos dedos ágeis de “Pai
Januário”. Antes de Gonzaga completar 16 anos já era conhecido no Araripe e em
toda redondeza. Aos 17 anos o filho de Januário apaixona-se por Nazarena, filha
de um Alencar. O padrasto da jovem, o senhor Raimundo Deolindo sabendo da
inclinação do jovem sanfoneiro pela menina-moça, resolve impedir o namoro. Luiz
Gonzaga muito magoado com a situação resolve então encará-lo num sábado na
feira do Exu, e disse ‘as do fim!’. Foi por causa de “Nazinha”,
como a chamava, que Gonzaga levou uma surra de Dona Santana, por ocasião de seu
atrevimento com o senhor Raimundo Deolindo, fugindo de casa em 1930.
Lula resolve então arranjar uma maneira de fugir de casa, foi quando com a
ajuda de Zé de Elvira, com quem armou sua fuga, caminhando a pé cerca de 65Km
de Exu ao Crato. Chegando no Crato Luiz Gonzaga vende ao lavrador, o senhor
Raimundo Lula, sua sanfona por 80:000 rés. Essa decisão na vida de Luiz Gonzaga
foi em julho de 1930, quando chega em Fortaleza e alista-se no 23º
Batalhão de Caçadores do Exército, servindo no Rio Grande do
Sul, Minas Gerais, Paraíba, Pará, Ceará, Piauí, Belo Horizonte, Campo Grande e
no Rio de Janeiro. O então soldado de n.º 122, ganha fama no Exército e um apelido: “Bico de Aço”, por ser um excelente corneteiro. Deu baixa no Exército em Minas
Gerais, no dia 27 de março de 1939 e viajou para o Rio de Janeiro, para esperar
o navio que o levaria a Recife, em seguida a Exu. Resolveu então a convite de
um amigo, foi ganhar a vida tocando no Mangue, com uma sanfona de 80
baixos, uma Horner branquinha, sua primeira sanfona branca comprada em São
Paulo. Vale ressaltar que a partir de então, Luiz Gonzaga só usa sanfona branca
até o final de sua vida.
Em 1940 Gonzaga conhece o guitarrista português, Xavier Pinheiros, e forma
dupla tocando no Mangue e nas casas noturnas(cabarés), do Rio de Janeiro. Ele
começou tocando músicas de Manezinho Araújo, Augusto Calheiros e Antenógenes
Silva, começou a apresentar-se nas rádios em programas de Calouros. Em 1941
conhece Januário França, no qual transmite a Gonzaga um convite de Genésio
Arruda, para acompanhá-lo numa gravação na RCA Victor. Logo em seguida é
convidado para gravar um disco solo; grava dois, e nos cinco anos seguintes,
Luiz Gonzaga grava cerca de 30 discos. A partir de 1941, Luiz Gonzaga já
tinha o título de MAIOR SANFONEIRO NORDESTINO.
Luiz Gonzaga sofreu muito no Rio de Janeiro, para se firmar artisticamente. Com
muita luta e vencendo as ironias de Ari Barroso, em 1942 Luiz Gonzaga começa a
fazer sucesso nas emissoras de rádio. Em 1944 ele foi despedido da Rádio Tamoio
e, logo em seguida foi contratado por Cr$ 1.600.00 pela Rádio Nacional. Recebe
neste ano o apelido de “Lua”, por Paulo Gracindo. Em 1945 Luiz Gonzaga
conhece o futuro grande parceiro, o advogado Humberto Cavalcanti
Teixeira, nascido em Iguatu, Ceará. No dia 11 de abril de 1945, Luiz
Gonzaga gravou seu primeiro disco em voz.
No dia 22 de setembro de 1945 nasceu Luiz Gonzaga do Nascimento
Júnior, o Gonzaguinha, fruto do amor de Luiz Gonzaga com Odaléia
Guedes dos Santos, cantora e bailarina profissional do coro de
Ataulfo Alves. Gonzaga conviveu com Odaléia, cerca de 5 anos. Odaléia faleceu
de tuberculose em 1952, quando Gonzaguinha tinha 7 anos (vale ressaltar que
Gonzaguinha nesta época já morava com os padrinhos Xavier e Dina no Morro de
São Carlos).
Em 1946 com Humberto Teixeira, Luiz Gonzaga compõe e grava a primeira de uma
série de 18 parceria: NO MEU PÉ DE SERRA. O sucesso de Gonzaga com esta
música começa a ser enorme e ao mesmo tempo seu nome começa a correr pelo
mundo: Europa, EUA, Japão, etc. Neste mesmo ano Luiz Gonzaga resolve então
rever a família, e chega em casa pela madrugada. Fica frente a frente com Seu
Januário e é interrogado: “Quem é o Sinhô? Luiz Gonzaga seu filho! Isso é hora de
você chegar em casa corno sem vergonha!?” Deste encontro, Luiz Gonzaga com Humberto Teixeira, compõem a
música RESPEITA JANUÁRIO, em homenagem àquele homem que foi o responsável pela
inclinação do“negrinho fiota” para a música. Em 1947 no mês
de março, Gonzaga gravou a música ASA BRANCA, que foi inicialmente refutada
pelo diretor. A música ASA BRANCA começou a receber diferentes
interpretações e gravações em vários países, como Israel e Itália. Em julho de
1947, na Rádio Nacional, Luiz Gonzaga conheceu Helena das Neves Cavalcanti, sua
futura esposa.
No dia 16 de junho
de 1948 Luiz Gonzaga casa-se com a contadora pernambucana Helena das
Neves Cavalcanti, natural de Gravatá – PE, (segundo a cronologia de Assis Ângelo, Luiz Gonzaga já era
estéril, mas sobre sua esterilidade fica muito oculto por ocasião de Gonzaga
não dá ênfase a esta questão). Luiz Gonzaga resolve então fazer um passeio para
apresentar a esposa a “Pai Januário”, que não
pôde ir ao Rio de Janeiro para o casamento do filho. Neste dia 05 de abril de
1949, Luiz Gonzaga soube a caminho, que no dia anterior tinha começado em Exu
um conflito político entre as famílias Alencar, Sampaio e Saraiva.
Em 1949 Gonzaga conhece em Recife o médico José Dantas de Sousa Filho. Com o novo parceiro, Gonzaga grava no dia 27 de outubro, o baião
VEM MORENA e o FORRÓ DE MANÉ VITO. E o Brasil se deliciava com a boa música do “negrinho
fiota”, que saiu lá das bandas do Exu para conquistar o coração dos
brasileiros. No dia 01 de novembro de 1949, Seu Januário, Dona Santana, Geni,
Muniz, Chiquinha, Socorro e Aloísio seguiram para o Rio de Janeiro, no caminhão
comprado por Luiz Gonzaga.
Em 1950 o Lua recebe dos paulistas o título de “REI DO BAIÃO” que o consagra até nossos dias. Neste mesmo ano “Lua” grava
também a toada ASSUM PRETO e os baiões QUI NEM JILÓ e PARAÍBA, Gonzaga neste
período está no auge de sua carreira. A música PARAÍBA foi gravada por uma
cantora japonesa Keiko Ikuta, e também pela Emilinha Borba. Em 1951 Luiz
Gonzaga coroou a cantora Carmélia Alves como a “RAINHA DO BAIÃO” na Rádio
Nacional, no programa “NO MUNDO DO BAIÃO” de Humberto Teixeira e Zé Dantas. No
ano de 1952 Luiz Gonzaga tentou projetar para todo o Brasil, nos festejos
juninos o talento musical da família através das rádios Tupi e Tamoio
tendo como atração, OS SETE GONZAGAS: Seu
Januário, Luiz Gonzaga, Severino Januário, José Januário (Zé Gonzaga),
Chiquinha Gonzaga, Socorro e Aloísio. Em 1953 grava ABC DO SERTÃO, VOZES DA
SECA e a A VIDA DO VIAJANTE. Neste mesmo ano Luiz Gonzaga assume plenamente sua
identidade nordestina, começando a usar o gibão de couro. No dia 09 de julho de
1954 mataram em Serrita Raimundo Jacó, primo de Luiz Gonzaga. Em 1959 Dona
Marieta, mãe de Dona Helena, veio a falecer no Rio de Janeiro. O Rei do Baião
não parava, andava por todo o País cantando e decantando o Nordeste. No
amanhecer do dia 11 de junho de 1960, Dona Santana, mãe de Luiz Gonzaga,
falecia no Rio de Janeiro, com a doença de chagas. A partir de 1960 Luiz
Gonzaga começa a ser esquecido dos meios de comunicação, e faz então um
desabafo a Dominguinhos: “EU VOU PARAR DE CANTAR BAIÃO, POIS
NINGUÉM MAIS DÁ A MÍNIMA ATENÇÃO PRA MINHA MÚSICA. VOU COMPRAR UM TRANSISCORDE
PARA VOCÊ, PRA GENTE FAZER BAILES. EU TOCO CONTRABAIXO, ENQUANTO VOCÊ TOCA ESSE
INSTRUMENTO ELETRÔNICO QUE SAIU AGORA”, ( isso foi só um desabafo,
pois Gonzaga continuou compondo baião até o final de sua vida). Neste ínterim
Luiz Gonzaga estava muito dividido, pois Seu Januário morava sozinho no
Araripe, após a morte de Dona Santana. Neste ano o Rei do Baião vinha constantemente
ao Araripe para está junto de “Pai Januário”. No dia 05 de novembro de 1960 Seu
Januário casa-se com Dona Maria Raimunda de Jesus, cuja celebração foi realizada por Padre Mariano. Aos 72 anos o
“Vovô do Baião” demonstrava sua fé e o respeito a Igreja, testemunhando seu
segundo matrimônio. Em 1961 Gonzaguinha já estava com 16 anos, passou então a
morar com o pai. Em 1961, Luiz Gonzaga entra para a maçonaria. Ele compõe com
Lourival Passos a música ALVORADA DA PAZ, em homenagem a Jânio Quadros que
renunciou, sete meses após assumir a Presidência da República. No dia 12 de março de 1962, nasce um bebê que é adotado por Seu
Januário e Dona Maria Raimunda com 03 dias de nascido. Seu Januário fez questão
de registrar o menino como filho legítimo, com o nome de João
Batista Januário. João Batista continua morando em Exu,
honrando o nome da Família Januário.
Em 1962 a parceria da dupla (Gonzaga e Zé Dantas), se desfaz por ocasião do
falecimento de Zé Dantas. Em 1963, o REI DO BAIÃO gravou A MORTE DO VAQUEIRO,
uma homenagem a seu primo Raimundo Jacó “morto covardemente”. Neste mesmo ano
Luiz Gonzaga foi surpreendido com o roubo que fizeram de sua sanfona e conhece
o poeta cearense PATATIVA DO ASSARÉ, de quem grava em 1964 a música A TRISTE PARTIDA.
Em 1964 Luiz Gonzaga faz uma homenagem a Sanfona Branca roubada, com a música
SANFONA DO POVO. Em 1966 Sinval Sá, lança o livro O SANFONEIRO DO RIACHO DA
BRÍGIDA, VIDA E ANDANÇAS DE LUIZ GONZAGA – REI DO BAIÃO, pela edições A
FORTALEZA. No ano de 1968, o compositor e versionista Carlos Imperial espalhou
no Rio de Janeiro que THE BEATLES acabara de gravar a música ASA BRANCA, mas
foi só brincadeira, THE BEATLES não gravaram e o sucesso de Gonzaga começou a
voltar na década de 70. Em 1970 Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira entram na
Coleção História da MPB, editada pela Abril Cultural. Em 1971 Luiz Gonzaga
recebeu o título de “IMORTAL DA MÚSICA BRASILEIRA”, pela TV TUPÍ do Rio de
Janeiro. Em 1972 Luiz Gonzaga recebe o título de Cidadão de Caruaru. Foram os
papas do tropicalismo Gilberto Gil e Caetano Veloso, que proclamaram
solenemente que a moderna canção popular brasileira deitava raízes também na
arte antemporal de Luiz Gonzaga. No dia 24 de março de 1972 no Teatro Carioca
Tereza Raquel – Rio de Janeiro, Luiz Gonzaga faz uma apresentação com o título:
“LUIZ GONZAGA VOLTA PRA CURTIR”, realizando-se assim, sua volta triunfal.
Naquela noite Luiz Gonzaga faz uma síntese falando de toda a sua carreira
musical. Naquela oportunidade relatou sua estima pelo o estado do Ceará,
dizendo: “É por isso que eu costumo dizer que uma banda minha é
pernambucana e a outra banda é cearense!”
No ano de 1973, o Rei do Baião resolve deixar a RCA Victor e passa a gravar na
Emi-Odeon. Ainda em 1973 Luiz Gonzaga recebe o título de Cidadão Paulista das
mãos do governador de São Paulo. Em 1975, o Rei do Baião conheceu Maria
Edelzuíta Rabelo, e correspondia com ela, com o pseudônimo de
Marcelo Luiz. Em 1976 Luiz Gonzaga recebe em Fortaleza o título
de Cidadão Cearense. Nos dias 13 e 20 de agosto de 1976, a TV
GLOBO fez um exibição com o título de “ESPECIAL LUIZ GONZAGA”, tendo a
participação de Seu Januário. Em 1977 Luiz Gonzaga entrou na Versão Brasileira
da Enciclopédia Universal Britânica. Seu Januário faleceu num dos duplex doPARQUE
ASA BRANCA em Exu no dia 11 de junho de 1978. Para sua
alegria, no ano de 1980 Luiz Gonzaga canta em Fortaleza para o Papa
João Paulo II, que lhe agradeceu ao pegar em sua mão dizendo: “OBRIGADO,
CANTADOR!”. Luiz Gonzaga fica envaidecido. Em 1981 o velho Lua recebe os
dois únicos discos de ouro de toda sua carreira ( vale ressaltar que é segundo
Assis Ângelo e Gildson Oliveira, segundo Dominique Dreyfus Luiz Gonzaga ganhou
mais discos de ouro). Neste mesmo ano, Gonzaga fica feliz quando consegue
pacificar Exu. Foi ao encontro do Presidente da República em exercício para lhe
pedir intervenção e disse: “Dr. Aureliano, faça um esforço
para levar a paz à minha terra!”. Tempos depois feliz com a paz
conseguida para sua terra, em entrevista Luiz Gonzaga diz ao jornalista Assis
Ângelo: “NINGUÉM DAVA JEITO EM EXU. EU PEGUEI AURELIANO
CHAVES NUMA BOA E 15 DIAS DEPOIS ELE MANDOU INTERVIR (NA CIDADE). A INTERVENÇÃO
SE ENCAIXOU QUE NEM UMA LUVA, E NUNCA MAIS HOUVE CRIME POLÍTICO LÁ”.
Em 1982 Luiz Gonzaga vai tocar em Paris a convite de Nazaré Pereira. Permaneceu
em Paris dez dias, conhecendo vários pontos importantes. Em 1984 Luiz Gonzaga
recebeu o PRÉMIO SHELL. Em 1985 Luiz Gonzaga é agraciado com o troféu NIPPER DE
OURO, uma homenagem internacional da RCA a um artista dela. Em 1986 Gonzagão
vai pela segunda vez à França, participando no dia 06 de julho de um
espetáculo que reúne cerca de 15 mil pessoas no Halle de la Villete. Luiz
Gonzaga foi ladeado por Alceu Valença, Fafá de Belém, Morais Moreira e
Armandinho, entre outros artistas brasileiros que integraram o “Couleurs
Brésil”. Foi neste passeio que a jornalista francesa, DOMINIQUE DREYFUS, fala
com Gonzagão na possibilidade de com ele, fazer um livro autobiográfico. Ainda
em 1986 José de Jesus Ferreira lança o livro LUIZ GONZAGA O REI DO BAIÃO: SUA
VIDA, SEUS AMIGOS, E SUAS CANÇÕES.
Em junho de 1987, a escritora e jornalista DOMINIQUE DREYFUS chega ao Brasil,
passando 02 meses no PARQUE ASA BRANCA em Exu. O Rei do Baião desde pequeno
trazia em seus lábios um sorriso sincero e, sempre quando podia, gostava de
brincar com os outros, oportunidade que aproveitava para saber como estava o
sertão. Luiz Gonzaga conheceu e tocou em todos os municípios brasileiros com
mais 400 habitantes, inclusive, tocou em Sobral – CE quatro vezes. Tocou pela
última vez nesta cidade, terra de Dom José Tupinambá da Frota, no dia 28 de
novembro de 1987. Quando Gonzagão chegava nessas cidades do interior para fazer
seus shows, era anunciado por seu motorista com o seguinte anúncio: “Atenção,
atenção! Vem visitar vocês Sua Majestade o Rei do Baião, Luiz Gonzaga, a maior
expressão popular brasileira. Hoje aqui em praça pública!” A carroceria de seu caminhão servia de palco em seus shows, por
este Brasil afora.
Em 1988 Mundicarmo Maria Rocha Ferreti lança o livro BAIÃO DE DOIS: ZÉ DANTAS E
LUIZ GONZAGA, fruto de uma tese de mestrado. Em 1988 Luiz Gonzaga rompe
novamente o contrato com a RCA. Em junho do corrente ano, Luiz Gonzaga entra
com o pedido de desquite na justiça pernambucana, por já não se entender com
Dona Helena. Ainda em 1988 Luiz Gonzaga passa a morar com Maria Edelzuíta
Rabelo. A senhora Edelzuíta Rabelo nos fala através do livro Luiz
Gonzaga: O Matuto que conquistou o mundo, o seguinte: “Amei Lula
sem nada pedir ou esperar, mas sabendo que me bastava estar diante do homem
mais extraordinário que já conheci, que me fez renascer e me ensinou grandes
lições.”
A última entrevista
de Luiz Gonzaga concedida a imprensa, foi para o jornalista Gildson Oliveira
através de Ivan Ferraz no dia 02 de junho de 1989. Recife foi o local escolhido
por Luiz Gonzaga para passar seus últimos momentos de vida. O último show
realizado por Luiz Gonzaga foi no dia 06 de junho de 1989 no Teatro Guararapes
do Centro de Convenções de Recife, onde recebeu homenagens de vários artistas
do país. Antes de finalizar o show, o Rei do Baião proferiu estas palavras: “ Boa
Noite minha gente! (…) Minha gente, não preciso dizer que estou enfermo. Venho
receber essa Homenagem. Estou feliz, graças a Deus, por ter conseguido chegar
aqui. E estou até melhor um pouquinho. Quem sabe, né?
“Quero ser lembrado
como o sanfoneiro que amou e cantou muito seu povo, o sertão; que cantou as
aves, os animais, os padres, os cangaceiros, os retirantes, os valentes, os
covardes, o amor. Este sanfoneiro viveu feliz por ver o seu nome reconhecido
por outros poetas, como Gonzaguinha, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Alceu
Valença. Quero ser lembrado como o sanfoneiro que cantou muito o seu povo, que
foi honesto, que criou filhos, que amou a vida, deixando um exemplo de
trabalho, de paz e amor.
Quero ser lembrado
como o sanfoneiro que amou e cantou muito seu povo, o sertão; que cantou as
aves, os animais, os padres, os cangaceiros, os retirantes, os valentes, os
covardes, o amor.
Gostaria
que lembrassem que sou filho de Januário e dona Santana. Gostaria que
lembrassem muito de mm; que esse sanfoneiro amou muito seu povo, o Sertão.
Decantou as aves, os animais, os padres, os cangaceiros, os retirantes.
Decantou os valentes, os covardes e também o amor. (…) Muito obrigado.”
Na quarta feira, 21 de junho de 1989, às 10:00h, o velho Lua foi levado às
pressas ao Hospital Santa Joana, permanecendo 42 dias internado, onde veio a
falecer. Palavras de Luiz Gonzaga na UTI do hospital: “VOCÊS
NÃO ME LEVEM A MAL. SINTO MUITAS DORES E GOSTO DE ABOIAR QUANDO DEVERIA GEMER.” Luiz Gonzaga travava naquele hospital
uma luta imensa contra a morte, e o Brasil todo ficava cada vez mais preocupado
com o estado de saúde de seu maior defensor. Luiz Gonzaga não resistiu, o
Brasil e o mundo ficou enlutado com o seu último suspiro. O Asa
Branca da Paz voava para a eternidade deixando um grande
exemplo de vida a ser seguido.
O Rei do Baião faleceu no dia 02 de agosto de
1989, às 5:15min da manhã no Hospital Santa Joana, em Recife. Foi na Veneza Brasileira que Luiz Gonzaga dava seu último suspiro.
Seu corpo foi velado na Assembléia Legislativa de Recife nos dias 02 e 03 até
às 9:45min da manhã, foi velado também em Juazeiro do Norte. CE, na Igreja
Nossa Senhora do Perpétuo Socorro às 17h, local onde repousa os restos mortais
de Pe. Cícero Romão Batista, apesar de o corpo do Rei ter chegado no
aeroporto de Juazeiro Norte às 15:20min do dia 03 de agosto. Palavras de
Gonzaguinha ainda no aeroporto de Juazeiro: “TUDO BEM,
VAMOS ENTRAR NA CIDADE. SE O POVO QUER, QUE PODEMOS FAZER?”
O corpo do Rei do Baião chegou a sua terra natal, sua querida Exu no dia 03 a
noite. Foi velado na Igreja Matriz de Exu, durante a noite do dia 03 e
todo o dia 04, saindo para o sepultamento no Cemitério São Raimundo às
15:45min. Das centenas de coroas de flores que estavam espalhadas na igreja Bom
Jesus dos Aflitos em Exu, oferecidas por fãs de Luiz Gonzaga, estava esta que o
repórter Gildson Oliveira transcreveu a seguinte mensagem: “Amado
Lula: o silêncio acende a alma… O País canta sua voz… Os pássaros se
entristecem com a partida da Asa Branca, mas fica em nossos corações a sua
história. E a nossa festa é esta. Quem crê em Cristo, mesmo que esteja morto
viverá.”
O corpo de Luiz Gonzaga foi levado no
carro corpo de bombeiros, passando por diversas ruas da cidade rumo ao
Cemitério São Raimundo, local onde aconteceram as últimas manifestações de
carinho, àquele que só foi alegria. O caixão desceu a sepultura depois que
Gonzaguinha, Dominguinhos, Alcimar Monteiro e mais de 20 mil pessoas cantarem a
música ASA BRANCA às 16:50min. Luiz Gonzaga foi embalado no seio da terra na
sexta feira, no mesmo dia da semana, que ele nasceu. Uma outra coincidência é
que ele morreu no amanhecer do dia, assim como ele nasceu no amanhecer do dia
13 de dezembro de 1912.
Em 1990 foi lançado pela Editora Martin Claret o livro LUIZ GONZAGA, VOZES DO
BRASIL. O filho Gonzaguinha depois de ter passado 15 dias em Exu falando aos amigos sobre a
preservação do Parque Asa Branca, veio a falecer subitamente por ocasião de um
acidente automobilístico na manhã do dia 29 de abril de 1991, morrendo no mesmo
dia. Em 1991 o jornalista Gildson Oliveira lançou o
livro LUIZ GONZAGA, O MATUTO QUE CONQUISTOU O MUNDO.Sua esposa, Dona
Helena Gonzaga, conhecida por “MADAME BAIÃO”, faleceu na
manhã do dia 04 de fevereiro de 1993 na Casa Grande do Parque Asa Branca.
Em 1994 o cordelista Pedro Bandeira lança uma 2ª edição ampliada do livro LUIZ GONZAGA,
NA LITERATURA DE CORDEL. Em 1997 a Francesa Dominique Dreyfus lança o livro
VIDA DO VIAJANTE: A SAGA DE LUIZ GONZAGA. Ainda em 1997 o professor Uéliton
Mendes da Silva lança o livro LUIZ GONZAGA, DISCOGRAFIA DO REI DO BAIÃO. No ano
2000 a professora Sulamita Vieira, lança o livro SERTÃO EM
MOVIMENTO – a dinâmica da produção cultural, fruto de sua tese de doutorado.
Ainda no corrente ano a professora Elba Braga Ramalho lançou o livro LUIZ
GONZAGA: A Síntese Poética e Musical do Sertão. Fruto de sua tese de
doutorado na University of Liverpool, na Inglaterra. Em dezembro 2001 eu, este
pequeno devoto do Rei do Baião, escrevi um opúsculo em homenagem ao Rei do
Baião, intitulado: “Luiz Gonzaga, o Asa Branca da Paz”. Graças a Deus consegui
a apresentar a Chiquinha Gonzaga, irmão do Rei do Baião, e recebi dela a
aprovação do trabalho.
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